segunda-feira, 12 de julho de 2010

Riqueza brasileira

Era uma certa vez.... E tudo isso foi chamado de folclore. Mas independente do nome que deram e que significado ele tem. A questão é porque essas histórias exercem tanto fascínio nos cancioneiros populares?

Não é minha intenção comentar, eu quero apanas sugerir. Eu sugiro que vocês leiam essa composição que se chama "Amanhã eu vou" composta em 1951 por Beduíno e Luíz Gonzaga. Sugiro ainda que ouçam a interpretação de Luís Gonzaga. Aqui ele mostra sua face de rapsodo popular nordestino influenciado gravações de Fagner, Elba Ramalho e tantos outros artistas nordestinos que interpretaram suas músicas.

Bem, a composiçao gonzaguena não é o único olhar sobre o tema. Digamos que é um olhar moderno. Não há consenso entre as fontes se se trataria de uma lenda amazônica ou cearense. Mas existem várias versões que tratam da Carimbamba. Um pássaro misterioso com pés de pato e cabeça de gente. 

Amanhã eu vou
(Beduíno e Luíz Gonzaga)

Era uma certa vez
Um lago mal assombrado
À noite sempre se ouvia a carimbamba
Cantando assim:

Amanhã eu vou, amanhã eu vou

A carimbamba, ave da noite
Cantava triste lá na lagoa
Amanhã eu vou, amanhã eu vou

E Rosabela, linda donzela
Ouviu seu canto e foi pra lagoa
E Rosabela, linda donzela
Ouviu seu canto e foi pra lagoa

A taboa¹ laçou a donzela
Caboclo d'água ela levou
A carimbamba vive cantando
Mas Rosabela nunca mais voltou

Amanhã eu vou, amanhã eu vou

¹Taboa é uma planta típica de várzeas ou brejos.
Quem quiser saber mais pode clicar no link abaixo.
 http://recantodasletras.uol.com.br/infantil/1280049

para baixar a música:

http://www.4shared.com/audio/OGkfwrAt/Luiz_Gonzaga_-_Amanh_Eu_Vou.htm

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Tríade, trinômio, triplo... Tribalistas

Talvez esse disco tenha passado um pouco despercebido na nossa música brasileira, mas o lirismo e a espontaneidade que ele carrega são especialmente geniais.

Lançado em 2002 os 'Tribalistas' são fruto de uma frutífera amizade entre Marisa, Carlinhos e Arnaldo que por sinal é bem antiga. Desde os tempos primevos dos titãs Marisa já tinha certa parceria com Arnaldo Antunes, assim como, com o percussionista, cantor e compositor baiano Carlinhos Brown com quem tem algumas parcerias no àlbum 'cor de rosa e carvão', o terceiro de sua carreira.

Assim, Marisa Monte parece mesmo ser o ponto convergente desse profícuo relacionamento entre os três artistas, visto que, durante sua carreira foi sempre muito aberta e interessada nas mais diversas parcerias, dentre elas destacam-se Paulinho da Viola, Os novos baianos e tembém Nando Reis.

Bem, não é a toa que toda essa efervescência poética que resultou no álbum em questão tenha concorrido a cinco indicações no Grammy latino de 2003. Mais curiosa ainda, foi a postura dos artistas que, apesar do sucesso nacional (um milhão de cópias) e internacional, resolveram não fazer shows, nem divulgação corrente em meios de massa ( 'não tenho paciência pra televisão' - trecho da faixa 'já sei namorar')  assim como, não prolongar a proposta artística em função do sucesso ('o tribalismo é um anti-movimento que pode se desintegrar no próximo momento' trecho da canção 'Tribalismo') como uma nescessidade de não dar continuidade a propostas duráveis como os movimentos do século passado da jovem guarda, bossa nova e tropicália.

Assim, a obra ficou meio que aberta no terreno do efêmero da mídia evitando uma cristalização negativa comum nos fenômenos midiáticos que acaba por desgastar a criação artística colocando-a a serviço do mercado fonográfico. Tal mérito estético, alcançado pelo trio, é difícil de ser visto na música brasileira. 

Mas, além disso, o álbum conta com algumas canções entre samba-canções, batidas de bossa, valsinhas infantis e até levadas dançantes temperadas com muita irreverência e sensibilidade poética que fizeram a redação do 'nuvuens e versos' penar na hora da escolha da publicação. Verdadeiras Jóias merecem atenção especial como 'É você', 'Um a um', 'Carnavália' e 'Pecado é te deixar de molho' mas não é exagero dizer que o trabalho é daqueles que a gente não encontra fissuras.

Enfim, aqui então serão postadas as singelas 'Lá de longe' e 'Carnalismo' para a apreciação sensível de nossos finos leitores.
Mais uma vez. Deleitem-se. Deem verdadeiras estrelinhas com essas pequenas amostras de vida.


Lá de longe


Longe, lá de longe

de onde toda a beleza do mundo se esconde
Mande para ontem
uma voz que se expanda e suspenda esse instante
Lá de longe
de onde toda a beleza do mundo se esconde
Mande para ontem
uma voz que se expanda e suspenda esse instante
Lá de longe
de onde toda a beleza do mundo se esconde
Cante para hoje.


Carnalismo


No rastro do seu caminhar

No ar onde você passar
O seu perfume inebriante
Pendura num instante,
A rua inteira a levitar

Me abraça e me faz calor
Segredos de liquidificador
Um ser humano é o meu amor
De músculos , de carne e osso,
Pele e cor.