sexta-feira, 9 de julho de 2010

Tríade, trinômio, triplo... Tribalistas

Talvez esse disco tenha passado um pouco despercebido na nossa música brasileira, mas o lirismo e a espontaneidade que ele carrega são especialmente geniais.

Lançado em 2002 os 'Tribalistas' são fruto de uma frutífera amizade entre Marisa, Carlinhos e Arnaldo que por sinal é bem antiga. Desde os tempos primevos dos titãs Marisa já tinha certa parceria com Arnaldo Antunes, assim como, com o percussionista, cantor e compositor baiano Carlinhos Brown com quem tem algumas parcerias no àlbum 'cor de rosa e carvão', o terceiro de sua carreira.

Assim, Marisa Monte parece mesmo ser o ponto convergente desse profícuo relacionamento entre os três artistas, visto que, durante sua carreira foi sempre muito aberta e interessada nas mais diversas parcerias, dentre elas destacam-se Paulinho da Viola, Os novos baianos e tembém Nando Reis.

Bem, não é a toa que toda essa efervescência poética que resultou no álbum em questão tenha concorrido a cinco indicações no Grammy latino de 2003. Mais curiosa ainda, foi a postura dos artistas que, apesar do sucesso nacional (um milhão de cópias) e internacional, resolveram não fazer shows, nem divulgação corrente em meios de massa ( 'não tenho paciência pra televisão' - trecho da faixa 'já sei namorar')  assim como, não prolongar a proposta artística em função do sucesso ('o tribalismo é um anti-movimento que pode se desintegrar no próximo momento' trecho da canção 'Tribalismo') como uma nescessidade de não dar continuidade a propostas duráveis como os movimentos do século passado da jovem guarda, bossa nova e tropicália.

Assim, a obra ficou meio que aberta no terreno do efêmero da mídia evitando uma cristalização negativa comum nos fenômenos midiáticos que acaba por desgastar a criação artística colocando-a a serviço do mercado fonográfico. Tal mérito estético, alcançado pelo trio, é difícil de ser visto na música brasileira. 

Mas, além disso, o álbum conta com algumas canções entre samba-canções, batidas de bossa, valsinhas infantis e até levadas dançantes temperadas com muita irreverência e sensibilidade poética que fizeram a redação do 'nuvuens e versos' penar na hora da escolha da publicação. Verdadeiras Jóias merecem atenção especial como 'É você', 'Um a um', 'Carnavália' e 'Pecado é te deixar de molho' mas não é exagero dizer que o trabalho é daqueles que a gente não encontra fissuras.

Enfim, aqui então serão postadas as singelas 'Lá de longe' e 'Carnalismo' para a apreciação sensível de nossos finos leitores.
Mais uma vez. Deleitem-se. Deem verdadeiras estrelinhas com essas pequenas amostras de vida.


Lá de longe


Longe, lá de longe

de onde toda a beleza do mundo se esconde
Mande para ontem
uma voz que se expanda e suspenda esse instante
Lá de longe
de onde toda a beleza do mundo se esconde
Mande para ontem
uma voz que se expanda e suspenda esse instante
Lá de longe
de onde toda a beleza do mundo se esconde
Cante para hoje.


Carnalismo


No rastro do seu caminhar

No ar onde você passar
O seu perfume inebriante
Pendura num instante,
A rua inteira a levitar

Me abraça e me faz calor
Segredos de liquidificador
Um ser humano é o meu amor
De músculos , de carne e osso,
Pele e cor.







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