segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Mote Bom da peste_3

Certa vez J.Butija encontra-se com Tiago Patriota e ele lhe retrata uma história de um mote bastante frutífero! Aí saíram esses versos!

Quem jurou que me amava me esqueceu...

Foram tantos carinhos que me destes 
Foram tantos prazeres que te dei
Que algum dia jamais acreditei
Dividir tudo aquilo que juntamos
Nossa casa pequena que adornamos
Hoje não brilha mais: tornou-se escura
Meu semblante transborda de amargura
E nossa linda aliança se rompeu

Quem jurou que me amava me esqueceu
E eu não sei esquecer quem fez a jura

Minhas faltas jamais serão banidas
Da memória de quem foi magoada
Que só Deus sabe o quanto a sua falta
Lapidou o que eu sinto por você
Mesmo assim só depois que eu morrer
Reencarno, procurando uma procura
Nossas almas em uma só mistura
Do amor que enfim nunca morreu

Quem jurou que me amava me esqueceu
E eu não sei esquecer quem fez a jura

Das lembranças em loucos pensamentos
Lembro o tempo que a gente foi feliz
Pouco tempo passei. ahh quanto quis
Ter de novo o seu colo em meu ouvido
Mais por ti eu jamais serei esquecido
Pois fui bom dei carinho dei ternura
Mas a vida não é toda fulgura
Já não há o teu corpo junto ao meu

Quem jurou que me amava me esqueceu
E eu não sei esquecer quem fez a jura

Não pedi nada mais do eu já tinha
Não te dei nada mais do que eu podia
Era tão evidente a harmonia
Nossa vida um perfeito caminhar
Eu pensei me perder pra te encontrar
Mas caí na cilada da amargura
Hoje só restam versos de candura
E a lembrança que em mim nunca morreu

Quem jurou que me amava me esqueceu
E eu não sei esquecer quem fez a jura

Tiago patriota e J. Butija

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Mote bom da peste _2

Esse é outro mote tão conhecido no sertão que ninguém sabe mais o autor rsrs...

TODA NOITE A SAUDADE ME VISITA
PRA MOSTRAR MAIS UM FILME DO PASSADO

Aí já sabe né? quando a gente vê que a deixa é boa, um poetazin assim como eu, começando, gosta de pegar e emendar já o seu verso pra fazer parte da coletividade rsrs.


Vejo imagens que comoveram outrora
Que enfeitaram de flores meu viver
Só agora vejo o dia anoitecer
Quando passam essas cenas coloridas
Sentimentos que evocam a despedida
De um tempo feliz e sem pecado
Hoje falta no viver - já desolado
O verniz que pinta a alma mais bonita
Toda noite a saudade me visita
Pra mostrar mais um filme do passado


J.Butija

domingo, 4 de setembro de 2011

Walmar Belarmino... Uma lenda moxotesca




Um grande mestre do lirismo, um verdadeiro guerreiro da poesia. Suas obras transcendem a estética da poesia popular e inaugura o que o crítico Josessandro Andrade denominou "lirismo-social", uma verdadeira ética movida pela insatisfação diante da figura do marginal: o órfão, o menino-de-rua... Eterno aprendiz, Walmar cantou entre festivais, poemas, e canções religiosas a desolação e a superação diante das desigualdes sociais.

Coração de poeta

“CORAÇÃO DE POETA É TÃO SENSÍVEL,
TÃO SENSÍVEL DE UM JEITO IMENSURÁVEL
QUE CONSEGUE SENTIR O INAUDÍVEL
E BEIJAR COM LEVEZA O INTOCÁVEL
VER UM DEUS EM CADA MISERÁVEL
E CHORAR PELA DOR DE UM OPRIMIDO
MESMO VENDO SEU DONO POR VENCIDO
ELE APOSTA NA ÂNSIA DE VENCER
ETERNIZA A LIÇÃO DO APRENDER
E GARANTE QUE NADA ESTÁ PERDIDO”




VIDA, VIOLA E REPENTE 

       A PINTO DO MONTEIRO

COM A FORÇA QUE EU TRAGO NO MEU VERSO
E O VENENO QUE TEM MEU IMPROVISO
EU TRANSFORMO EM PERFEITO O IMPRECISO
FAÇO O AMOR TRANSBORDAR PELO UNIVERSO
PRÁ CANTAR SOU VELOZ E NÃO TROPEÇO
MINHA ESTRELA É REFLEXO TRANSCENDENTE
O MEU SIGNO É PACÍFICO E COERENTE
SEI DE COR A RECEITA QUE CONSOLA
EU NASCI AGARRADO COM A VIOLA
E O MEU BERÇO FOI FEITO DE REPENTE

                                                               Walmar


Aqui vai a homenagem singela de um discípulo desse já falecido, porém imortal poeta sertaniense.

De repente se fez meu universo
Vacilante entre versos sem rimar
Pé-quebrando eu me pus a recitar
Pra escapar das agústias e desertos
As raízes busquei, me fiz completo
Vi a flor crescer bela e reluzente
O amor segurei com unhas e dentes
Transformei vendaval numa marola
Eu nasci agarrado na viola
E meu berço foi feito de repente

                                                                    Júnio butija

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Riqueza brasileira

Era uma certa vez.... E tudo isso foi chamado de folclore. Mas independente do nome que deram e que significado ele tem. A questão é porque essas histórias exercem tanto fascínio nos cancioneiros populares?

Não é minha intenção comentar, eu quero apanas sugerir. Eu sugiro que vocês leiam essa composição que se chama "Amanhã eu vou" composta em 1951 por Beduíno e Luíz Gonzaga. Sugiro ainda que ouçam a interpretação de Luís Gonzaga. Aqui ele mostra sua face de rapsodo popular nordestino influenciado gravações de Fagner, Elba Ramalho e tantos outros artistas nordestinos que interpretaram suas músicas.

Bem, a composiçao gonzaguena não é o único olhar sobre o tema. Digamos que é um olhar moderno. Não há consenso entre as fontes se se trataria de uma lenda amazônica ou cearense. Mas existem várias versões que tratam da Carimbamba. Um pássaro misterioso com pés de pato e cabeça de gente. 

Amanhã eu vou
(Beduíno e Luíz Gonzaga)

Era uma certa vez
Um lago mal assombrado
À noite sempre se ouvia a carimbamba
Cantando assim:

Amanhã eu vou, amanhã eu vou

A carimbamba, ave da noite
Cantava triste lá na lagoa
Amanhã eu vou, amanhã eu vou

E Rosabela, linda donzela
Ouviu seu canto e foi pra lagoa
E Rosabela, linda donzela
Ouviu seu canto e foi pra lagoa

A taboa¹ laçou a donzela
Caboclo d'água ela levou
A carimbamba vive cantando
Mas Rosabela nunca mais voltou

Amanhã eu vou, amanhã eu vou

¹Taboa é uma planta típica de várzeas ou brejos.
Quem quiser saber mais pode clicar no link abaixo.
 http://recantodasletras.uol.com.br/infantil/1280049

para baixar a música:

http://www.4shared.com/audio/OGkfwrAt/Luiz_Gonzaga_-_Amanh_Eu_Vou.htm

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Tríade, trinômio, triplo... Tribalistas

Talvez esse disco tenha passado um pouco despercebido na nossa música brasileira, mas o lirismo e a espontaneidade que ele carrega são especialmente geniais.

Lançado em 2002 os 'Tribalistas' são fruto de uma frutífera amizade entre Marisa, Carlinhos e Arnaldo que por sinal é bem antiga. Desde os tempos primevos dos titãs Marisa já tinha certa parceria com Arnaldo Antunes, assim como, com o percussionista, cantor e compositor baiano Carlinhos Brown com quem tem algumas parcerias no àlbum 'cor de rosa e carvão', o terceiro de sua carreira.

Assim, Marisa Monte parece mesmo ser o ponto convergente desse profícuo relacionamento entre os três artistas, visto que, durante sua carreira foi sempre muito aberta e interessada nas mais diversas parcerias, dentre elas destacam-se Paulinho da Viola, Os novos baianos e tembém Nando Reis.

Bem, não é a toa que toda essa efervescência poética que resultou no álbum em questão tenha concorrido a cinco indicações no Grammy latino de 2003. Mais curiosa ainda, foi a postura dos artistas que, apesar do sucesso nacional (um milhão de cópias) e internacional, resolveram não fazer shows, nem divulgação corrente em meios de massa ( 'não tenho paciência pra televisão' - trecho da faixa 'já sei namorar')  assim como, não prolongar a proposta artística em função do sucesso ('o tribalismo é um anti-movimento que pode se desintegrar no próximo momento' trecho da canção 'Tribalismo') como uma nescessidade de não dar continuidade a propostas duráveis como os movimentos do século passado da jovem guarda, bossa nova e tropicália.

Assim, a obra ficou meio que aberta no terreno do efêmero da mídia evitando uma cristalização negativa comum nos fenômenos midiáticos que acaba por desgastar a criação artística colocando-a a serviço do mercado fonográfico. Tal mérito estético, alcançado pelo trio, é difícil de ser visto na música brasileira. 

Mas, além disso, o álbum conta com algumas canções entre samba-canções, batidas de bossa, valsinhas infantis e até levadas dançantes temperadas com muita irreverência e sensibilidade poética que fizeram a redação do 'nuvuens e versos' penar na hora da escolha da publicação. Verdadeiras Jóias merecem atenção especial como 'É você', 'Um a um', 'Carnavália' e 'Pecado é te deixar de molho' mas não é exagero dizer que o trabalho é daqueles que a gente não encontra fissuras.

Enfim, aqui então serão postadas as singelas 'Lá de longe' e 'Carnalismo' para a apreciação sensível de nossos finos leitores.
Mais uma vez. Deleitem-se. Deem verdadeiras estrelinhas com essas pequenas amostras de vida.


Lá de longe


Longe, lá de longe

de onde toda a beleza do mundo se esconde
Mande para ontem
uma voz que se expanda e suspenda esse instante
Lá de longe
de onde toda a beleza do mundo se esconde
Mande para ontem
uma voz que se expanda e suspenda esse instante
Lá de longe
de onde toda a beleza do mundo se esconde
Cante para hoje.


Carnalismo


No rastro do seu caminhar

No ar onde você passar
O seu perfume inebriante
Pendura num instante,
A rua inteira a levitar

Me abraça e me faz calor
Segredos de liquidificador
Um ser humano é o meu amor
De músculos , de carne e osso,
Pele e cor.







segunda-feira, 10 de maio de 2010

De Frankfurt a Sertânia

A cultura não é o exótico,
Mas é o fazer natural.
A cultura não é a arte local,
Mas é fazer arte na praça.

A cultura hoje é espaço marginal,
O outro espaço, o melhor e mais suntuoso está na praça mas não vem da praça.


O mais rico, equipado e mais famoso é o show, o espetáculo.
Mas não é cultura, certo?

Errado!Esse é cultura sim!
Cultura de massas.
Indústria cultural.
Aparelhada e maquinada

Repetida 
Cultura reproduzida e embrulha pra presente
De grego
J. Butija


segunda-feira, 26 de abril de 2010

Além-mar... Eugénio de Andrade: O sal da Língua


O sal da língua
Eugénio de Andrade

Escuta, escuta: tenho ainda

uma coisa a dizer.
Não é importante, eu sei, não vai
salvar o mundo, não mudará
a vida de ninguém - mas quem
é hoje capaz de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido
da vida de alguém?


Escuta-me, não te demoro.
É coisa pouca, como a chuvinha
que vem vindo devagar.
São três, quatro palavras, pouco
mais. Palavras que te quero confiar,
para que não se extinga o seu lume,
o seu lume breve.
Palavras que muito amei,
que talvez ame ainda.
Elas são a casa, o sal da língua.









quinta-feira, 11 de março de 2010

Ele preferia ser... Raul Seixas

Acho que não dá pra falar de Raul sem falar desse álbum. Na minha opinião é o mais completo e não é a toa que é um de seus mais vendidos. O Gita foi lançado após um período de exílio (1974) vivido por Raulzito e seu parceiro Paulo Coelho - Don Paulete como é chamado na primeira faixa "Super heróis" -  durante a ditadura militar. Os dois foram obrigados a permanecer nos EUA devido a problemas com a censura brasileira. Mas podemos notar claramente que o maluco beleza não abandona o tom provocativo de suas obras inserindo-se na capa de boina e guitarra vermelhas lembrando 'vagamente' um guerrilheiro da época.

Pois bem, o conteúdo do álbum não poderia ser diferente. Além de canções inspiradas na famosa sociedade alternativa, Raul se inspira no repente de viola em "As aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor" pra manter a irreverência sarcástica de suas composições criticando a sociedade da época e respondendo também às críticas que lhe eram feitas. Curiosamente o Gita faturou o disco de ouro (600 mil cópias) e ganhou até vídeo-clipe no fantástico (Podjjee!!!??) além de render à dupla de compositores um convite pra fazer trilha de novela (Querem saber qual? procurem! Hahahah).

Pra quem quer curtir uma boa música brasileira de seu tempo e com conteúdo atualíssimo esse álbum em especial não pode passar batido. O "nuvens e versos" traz para os amantes da poesia a composição "As aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor" na íntegra.

Deleite-se, fino leitor.

As Aventuras De Raul Seixas na Cidade de Thor

Raul Seixas

Composição: Raul Seixas
 
Tá rebocado meu compadre
Como os donos do mundo piraram
Eles já são carrascos e vítimas
Do próprio mecanismo que criaram


O monstro SIST é retado
E tá doido pra transar comigo
E sempre que você dorme de touca
Ele fatura em cima do inimigo


A arapuca está armada
E não adianta de fora protestar
Quando se quer entrar
Num buraco de rato
De rato você tem que transar


Buliram muito com o planeta
E o planeta como um cachorro eu vejo
Se ele já não aguenta mais as pulgas
Se livra delas num sacolejo


Hoje a gente já nem sabe
De que lado estão certos cabeludos
Tipo estereotipado
Se é da direita ou dá traseira
Não se sabe mais lá de que lado


Eu que sou vivo pra cachorro
No que eu estou longe eu tô perto
Se eu não estiver com Deus, meu filho
Eu estou sempre aqui com o olho aberto


A civilização se tornou complicada
Que ficou tão frágil como um computador
Que se uma criança descobrir
O calcanhar de Aquiles
Com um só palito pára o motor


Tem gente que passa a vida inteira
Travando a inútil luta com os galhos
Sem saber que é lá no tronco
Que está o coringa do baralho


Quando eu compus fiz Ouro de Tolo
Uns imbecis me chamaram de profeta do apocalipse
Mas eles só vão entender o que eu falei
No esperado dia do eclipse


Acredite que eu não tenho nada a ver
Com a linha evolutiva da Música Popular Brasileira
A única linha que eu conheça
É a linha de empinar uma bandeira


Eu já passei por todas as religiões
Filosofias, políticas e lutas
Aos 11 anos de idade eu já desconfiava
Da verdade absoluta


Raul Seixas e Raulzito
Sempre foram o mesmo homem
Mas pra aprender o jogo dos ratos
Transou com Deus e com o lobisomem